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quarta-feira, 27 de janeiro de 2010


Banda baiana vende meio milhão com ritmo paraense


Banda Djavú: fenômenodo melody é... baiano?Sabe aquela sensação esquisita de já ter passado por algo que você está vivenciando pela primeira vez? Conhecido por dejá vu, expressão francesa que ao pé da letra significa “já visto”, o fenômeno volta a assolar a música paraense.

A situação estranhamente familiar veio à memória nos últimos meses, devido ao tremendo sucesso da banda baiana Djavú (oh! ironia do destino), grupo baiano que tomou de assalto a mídia nacional ao adotar o melody em seu repertório e regravar canções de vários artistas do tecnobrega paraense.

Com apenas dez meses de carreira, a banda formada pelos cantores Geandson e Nadila e o DJ Juninho Portugal teve a música “Nave do Amor” incluída na trilha sonora da novela “Bela, A Feia”, é figurinha carimbada em programas de auditório como Geraldo Brasil, Gente da Gente e Domingo Legal, além de contar com uma intensa agenda de shows por todo o Brasil, com apresentações quase diárias. Tudo isso, segundo os bregueiros paraenses, à custa do sagrado suor do esforço alheio.

“Eles pegaram o nosso ritmo e as nossas músicas na moral e agora estão estourados no Brasil inteiro. Não nos deixaram nada: nem dinheiro, nem reconhecimento”, diz Gabi Amarantos, vocalista da Banda Tecno Show, uma das pioneiras do tecnomelody (vertente do tecnobrega) do Pará. A cantora está encabeçando uma espécie de cruzada na mídia pela valorização dos direitos dos artistas locais.

A ira dos músicos paraenses foi despertada no começo de 2009, quando a Djavú lançou no mercado o seu primeiro CD, chamado “Banda Djavú e DJ Juninho Portugal – O Furacão é Show”, acompanhado pouco tempo depois pelo lançamento do DVD de mesmo nome, no qual gravaram vários hits de artistas e bandas da cena local de melody e tecnobrega, sem a devida autorização dos músicos.

“Eles não pediram nada pra gente. Agora estamos na rua da amargura, enquanto os caras estão no bem bom. Não estou reclamando, porque eu tenho como sobreviver, mas isso não se faz”, diz Marlon Branco, compositor da música “Rubi”, em parceria com a banda Ravelly, estourada nas paradas de todo o Brasil na versão da Djavú.

De acordo com Marlon, outros artistas paraenses também foram lesados pela Djavú, como o compositor Ale Max, autor de “Me Libera”, sucesso na voz da cantora Letícia; a Banda Ravelly e ainda Vanda e Banda Fetiche.

Além do prejuízo financeiro, os bregueiros paraenses reclamam do não reconhecimento. A perda de status de criadores do gênero para o vizinho nordestino deixa receosa a cena local, que como todo movimento underground tem seu próprio código de conduta. E no tecnobrega, que nasceu da periferia de Belém até ganhar o mundo a duras penas, o ressentimento por não ser “considerado”, como se diz na gíria local, é, sim, uma grande coisa.

“Eles estão estourados, ganhando dinheiro e dizendo pra todo mundo que o ritmo é deles, que eles inventaram tudo. Estamos revoltados com essa história. Divulgar o ritmo é tudo que a gente sempre quis, mas não estão dando o crédito para quem inventou e faz acontecer o movimento tecnobrega”, afirma Gabi. (Diário d

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